Trânsito em Esperantina – o debate politicamente correto

03/10/2012 10:38

 

Nadar a favor da “onda” é muito mais fácil, dispensa maiores esforços, mas geralmente a correnteza desemboca num precipício. É preciso, vez por outra, navegar contra a corrente para continuar vivendo.

 Nos últimos dias temos assistido às discussões acaloradas sobre o trânsito em Esperantina, mais precisamente sobre a atuação do Ministério Público e da Polícia Militar nas ações fiscalizadoras do trânsito e, numa cidade onde grande número de pessoas tem moto, o assunto virou tema para campanha política. Mas é lamentável que o debate seja apenas eleitoreiro e, movidos pela “onda”, candidatos chegam ao absurdo de prometer que, se eleitos, não será exigido o uso do capacete, nem, habilitação etc. Mas todos sabem que estas leis são federais, portanto, uma lei municipal não poderá ir de encontro a uma lei federal, além do que, são normas básicas para garantir a segurança dos condutores.

Pois bem, muitos acompanharam quando começou a tomada de providências por parte das autoridades judiciárias no sentido de disciplinar o trânsito em Esperantina. Cobraram o uso do capacete, (primeiro do condutor, depois do carona), realizaram blitzen educativas e, em nome do sossego publico, proibiram o uso dos canos de descarga “cadron” (uns sem silenciadores que aumentam o barulho). Apesar de não terem sido divulgados números, as medidas surtiram efeitos na diminuição da gravidade dos acidentes com poli traumatismo, evitando a perda de vidas humanas na cidade.

Mas em números nacionais, o Ministério da Saúde estimou no ano passado, que o custo de internações por acidentes com motociclistas pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi 113% maior do que em 2008, passando de R$ 45 milhões há quatro anos para R$ 96 milhões em 2011.

Do mesmo modo, o aumento das internações, que passou de 39.480 para 77.113 hospitalizados naquele período.

 Ainda de acordo com MS, o número de mortes por este tipo de acidente aumentou 21% nos últimos anos de 8.898 motociclistas em 2008 para 10.825 óbitos em 2010. Homens representaram 89% das mortes de motociclistas, em 2010. Os jovens são as principais vítimas: cerca de 40% dos mortos estão entre a faixa etária de 20 a 29 anos. O percentual chega a 88% na faixa etária de 15 a 49 anos. Os números vão além da saúde, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) disse que gastou naquele período, em 2011, cerca de R$ 8 bilhões com as despesas decorrentes de acidentes de trânsito no país.

 Mas há ainda outro prejuízo maior, resultante da imprudência e desordem no trânsito das cidades, tem sido o sofrimento de muitos pais e mães que perderam seus entes queridos, de jovens que veem suas vidas mudarem da noite para o dia deixando-os numa condição, muitas das vezes de incapacidade, este prejuízo não tem preço, números não podem explicar o quanto custa.

Desta feita, podemos até questionar a forma das abordagens policiais durante as blitzen, dizer que “os home não pára carro, só moto”, ou ainda que o Ministério Público esteja exagerando, mas deve-se deixar a demagogia de lado e não entrar nessa “onda”. Ainda que seja em período eleitoral, ainda que contrarie alguns donos de carro e moto, é necessário falar também pelos que não andam de moto, que não tem carro e principalmente pelos condutores que andam legal, que cumprem as leis e fazer o debate correto. Este é um momento em que precisamos subir a correnteza para continuar vivendo e preservar um bem maior, a vida de todas as pessoas.

Por Albano Amorim

fonte:Jornalesp.com